Festival na USP promove games como fator de transformação social

Festival na USP promove games como fator de transformação social

Tema da terceira edição do Festival Games for Change será sustentabilidade – o evento ocorre de 28 a 30 de novembro e terá transmissão ao vivo via streaming

por André Jorge de Oliveira
Editora Globo
(Foto: Divulgação/Games for Changes)

Em março deste ano, a organização sem fins lucrativos Games for Change lançou o game para Facebook Half the Sky para alertar os jogadores sobre a alarmante situação de opressão que meninas e mulheres enfrentam na Índia e em países da África. A conscientização, por si só, já torna a iniciativa positiva do ponto de vista humanitário. Mas não para por aí: o jogo ainda arrecada fundos, via patrocínio ou doação direta, e os destina a instituições que auxiliem a reverter a realidade da situação retratada. Os números impressionam – são mais de 1 milhão de pessoas registradas, que contribuíram com um total de 450 mil dólares para a causa do combate à violência de gênero.

“É um exemplo imediato de como o game é colocado em uma situação gravíssima para transformar. Não resolve em um passe de mágica, mas atua na consciência, a partir da mudança de atitude”, diz Gilson Schwartz, diretor da organização na América Latina. O papel dos jogos na promoção do engajamento social será discutido no 3º Festival Games for Changes, que começa nesta quinta-feira na Universidade de São Paulo e vai até o sábado.

Por se tratarem de narrativas altamente complexas, que em muitos aspectos se mesclam à nossa “vida real”, os games podem influenciar até em esferas como a saúde. No congresso anual realizado em junho pela Games for Change em Nova Iorque, foi citado um caso de crianças com câncer que, ao entrarem em contato com um jogo que expunha informações sobre a doença, tiveram melhora no quadro de saúde. “É claro que não acaba com o câncer, mas há uma mudança no nível de sofrimento das crianças, isso é um impacto altamente transformador”, diz Schwartz. No campo da educação, um bom exemplo é o game Ludwig, que será lançado no festival: recebeu patrocínio do governo austríaco por ensinar ciências de forma lúdica.

Editora Globo
Jogo Ludwig ensina ciências de forma lúdica (Imagem: Divulgação/Ovos)

Outra questão latente é a influência dos jogos no comportamento – eles realmente têm a capacidade de incitar a violência? Para o diretor regional da América Latina, podem sim ser um fator decisivo. “Existem pessoas que fazem perversidades sociais e encaram como jogo. Arrebentar, queimar gente, bater em mendigo”, aponta. Ele destaca que disfunções na formação podem fazer com que um jogador se divirta com esse tipo de atitude, e então pode começar a aplicá-las na prática.

A diversidade de assuntos que se desdobram mostra o quão complexa é a realidade dos games. Um conceito chave é a “gamificação” – a fronteira entre o virtual e o real vai ficando cada vez mais tênue, e o resultado é uma realidade aumentada. “O game será plasmado nas coisas, nas pessoas, nos objetos e nos corpos. A empresa de energia estatal poderá patrocinar um jogo de sustentabilidade onde a pessoa acumula pontos por hábitos sustentáveis no seu dia a dia – nada disso é impossível, basta querer fazer”, afirma Schwartz.

Confira a programação completa do Festival. O evento será transmitido ao vivo pelo site.

SERVIÇO
III Festival Games for Change América Latina
Escola de Comunicações e Artes da USP
29-30 de novembro de 2013
Seminário Pré-Festival: “I Seminário Internacional de Iconomia: Os Games na Helix Global”
As inscrições custam R$ 350, e devem ser feitas através deste formulário