Ciência extrema: os laboratórios mais radicais do mundo

Ciência extrema: os laboratórios mais radicais do mundo

No frio, no mar, no espaço. Conheça alguns dos centros de pesquisa localizados nos pontos mais inóspitos do planeta



NEW HAMPSHIRE, ESTADOS UNIDOS
O PIOR CLIMA DO MUNDO


 

No cume de uma montanha de 1.917 metros, com frio intenso, denso nevoeiro e ventos de 160 km/h frequentes, o Observatório de Mount Washington mantém a reputação de "lar do pior clima do mundo". O laboratório criado em 1870 tem a sede atual desde 1932, onde abriga cientistas americanos que se revezam em períodos de 6 a 8 dias.

O clima horrível é ideal para as pesquisas sobre física do gelo, composição da atmosfera e teste de congelamento de equipamentos de aviação conduzidas no local. Além disso, há monitoramento constante da temperatura. No mês mais quente, julho, a média chega a 9 oC; em janeiro, é de -14 oC. Mas será que os pesquisadores não poderiam checar isso à distância e evitar o clima hostil? "Infelizmente, sem nosso constante descongelamento dos instrumentos, eles quebrariam", lamenta a cientista Rebecca Scholand.

No verão, diz Rebecca, o trajeto do solo ao pico dura apenas 1h30, e pode ser feito de carro. “[No inverno] é preciso usar tratores e esquis para driblar a neve.” Mas a peleja é mais para chegar. “Dentro da estrutura temos cômodos confortáveis, comunicação de qualidade — rádio, telefone e internet —, além de tratamento de água e dejetos, o que mantém a equipe segura e feliz”, afirma. A cada temporada de estudos, três pesquisadores se revezam noite e dia, em turnos de 12 horas, para monitorar o tempo e fornecer os dados atualizados para o Serviço Nacional do Clima americano.

Mirando o turismo, foi erguido em 1973 um museu cúpula que oferece passeios diurnos e noturnos ao público. De acordo com a instituição, mais de 100 mil pessoas visitam o espaço a cada ano.
 

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FLÓRIDA, ESTADOS UNIDOS
VIAGEM AO FUNDO DO MAR

Desde 1993, pesquisadores da Universidade Internacional da Flórida podem mergulhar 20 metros nas águas do Santuário de Florida Keys para chegar ao trabalho. Eles ficam de 10 a 14 dias abrigados no laboratório submarino Aquarius Reef Base, onde estudam respostas dos corais à acidificação do oceano, atuação das esponjas na qualidade da água e até fazem simulações para a Nasa. A cápsula abriga até 6 pesquisadores, com ducha e banheiro com água quente. A pressão interna é controlada e, antes dos cientistas subirem de volta, o laboratório tem de simular a pressão atmosférica.
 

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SVARTISEN, NORUEGA
ENTRANDO NUMA FRIA

Cientistas do Diretório Norueguês de Recursos de Água e Energia criaram uma "caverna-laboratório", sob 200 metros de gelo, para estudar a geleira de Svartisen, no norte da Noruega. Jatos de água quente são usados para abrir os túneis que levam os pesquisadores às camadas profundas da formação, onde têm acesso a gelo não afetado pela atmosfera — que permitem entender melhor a formação natural. Há três laboratórios e vários cômodos, incluindo quatro quartos, uma cozinha e um banheiro completo com chuveiro. Normalmente, de 3 a 4 pessoas se revezam no laboratório por uma semana, entre novembro e abril. Chegar lá não é fácil. “Em clima agradável, o trajeto pode ser percorrido em 1h30. Em dias ruins, a caminhada pela trilha pode levar cerca de 5 horas”, diz Miriam Jackson, chefe da equipe de pesquisadores.

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POLO SUL
CUBO MÁGICO

Os neutrinos são partículas de raios cósmicos que atravessam a matéria e podem se originar em explosões de estrelas. O maior observatório deles, o Icecube, usa o gelo profundo, límpido e escuro do Polo Sul para que as partículas interajam com seus mais de 5 mil sensores. O cubo abriga 200 pessoas, cozinha industrial, refeitório e academia. É necessário atestar aptidão para enfrentar a altura e ar rarefeito antes de trabalhar lá. Os cientistas viajam 72h (saindo dos EUA) até o laboratório, e só ficam durante o verão. “O sol se põe em fevereiro e só renasce em novembro, impedindo a pesquisa", informa a instituição.

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ESPAÇO
O MAIS CARO

Há quem precise ir para o trabalho de foguete. É o caso dos pesquisadores da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que orbita a Terra a cerca de 400 km de altitude. Projetada para abrigar entre 3 e 6 astronautas a cada expedição, o interior possui espaço equivalente a uma casa de 5 quartos. Se somado aos painéis solares, a estação chega ao tamanho de um campo de futebol americano.

Desde 2001, o projeto permite experimentos de fluxo de fluidos, durabilidade de materiais, monitoramento da contaminação do planeta, entre muitos outros. A ISS também serve para treinar missões espaciais e testar as reações do organismo humano (como perda óssea) à ausência de gravidade, o que seria útil numa missão a Marte.

Estimativas com base em informações da Nasa apontam que o projeto já consumiu US$ 150 bilhões, o que o faz ser questionado pelo custo-benefício das pesquisas — para se ter ideia, o gasto no acelerador de partículas LHC, que encontrou o bóson de Higgs, é estimado em US$ 10 bilhões.

A ISS não fica estática. Ela se move constantemente devido à forte atração gravitacional exercida pela Terra. É função da Nasa guiá-la para evitar a queda ou colisão com lixo espacial.

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