Espécie: Ornitorrinco

Espécie: Ornitorrinco

 

O ornitorrinco (nome científico: Ornithorhynchus anatinus, do grego: ornitho, ave + rhynchus, bico; e do latim: anati, pato + inus, semelhante a: "com bico de ave, semelhante a pato") é um mamífero semiaquático natural da Austrália e Tasmânia. É o único representante vivo da família Ornithorhynchidae, e a única espécie do gênero Ornithorhynchus. Juntamente com as equidnas, formam o grupo dos monotremados, os únicos mamíferos ovíparos existentes. A espécie é monotípica, ou seja, não tem subespécies ou variedades reconhecidas.

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O ornitorrinco possui hábito crepuscular e/ou noturno. Preferencialmente carnívoro, sua dieta baseia-se em crustáceos de água doce, insetos e vermes. Possui diversas adaptações para a vida em rios e lagoas, entre elas as membranas interdigitais, mais proeminentes nas patas dianteiras. É um animal ovíparo, cuja fêmea põe cerca de dois ovos, que incuba por aproximadamente dez dias num ninho especialmente construído. Os monotremados recém-eclodidos apresentam um dente similar ao das aves (um carúnculo), utilizado na abertura da casca; os adultos não têm dentes. A fêmea não possui mamas, e o leite é diretamente lambido dos poros e sulcos abdominais. Os machos têm esporões venenosos nas patas, que são utilizados principalmente para defesa territorial e contra predadores. Possui uma cauda similar a de um castor.

 

As características atípicas do ornitorrinco fizeram com que o primeiro espécime empalhado levado para a Inglaterra fosse classificado pela comunidade científica como um embuste. Hoje, ele é um ícone nacional da Austrália, aparecendo como mascote em competições e eventos e em uma das faces da moeda de vinte centavos do dólar australiano. É uma espécie pouco ameaçada de extinção. Em 2008 pesquisadores começaram a sequenciar o genoma do ornitorrinco e descobriram vários genes compartilhados tanto com os répteis como com as aves, mas cerca de 82% dos seus genes são compartilhados com outras espécies de mamíferos já sequenciadas, como o cão, a ratazana e o homem.

 

Nomenclatura e taxonomia

A espécie foi descrita pelo zoólogo George Shaw em 1799 como Platypus anatinus. O animal tinha sido descoberto pelos colonizadores europeus na Austrália em 1798 e uma gravura e uma pelagem tinham sido enviadas de volta ao Reino Unido pelo Capitão John Hunter, o segundo governador de Nova Gales do Sul. Os cientistas britânicos primeiramente estavam convencidos que se tratava de uma fraude. Shaw dizia que era impossível não se ter dúvidas quanto à sua verdadeira natureza, e outro zoólogo, Robert Knox, acreditava que ele podia ter sido produzido por algum taxidermista asiático. Pensou-se que alguém tinha costurado um bico de pato sobre o corpo de um animal semelhante a um castor. Shaw até mesmo tomou uma tesoura para verificar se havia pontos na pele seca.

 

Independentemente, em 1800, a partir de uma amostra dada a ele por Sir Joseph Banks, Johann Friedrich Blumenbach descreveu a espécie como Ornithorhynchus paradoxus.8 9 O gênero Platypus descrito por Shaw já se encontrava pré-ocupado pelo Platypus descrito por Johann Friedrich Wilhelm Herbst em 1793 para um besouro coleóptero.10 Em 1800, Christian Rudolph Wilhelm Wiedemann cunhou um novo nome genérico para ornitorrinco, Dermipus,11 entretanto, Blumenbach já havia descrito o Ornithorhynchus. A espécie então foi recombinada para Ornithorhynchus anatinus.10

 

O O. anatinus é a única espécie descrita para o gênero Ornithorhynchus.3 Charles Walter De Vis, em 1885, descreveu uma espécie fóssil, Ornithorhynchus agilis, a partir de uma tíbia e fragmentos da mandíbula, entretanto, uma nova análise do material, feita 95 anos depois, considerou que este podia ser assinalado ao O. anatinus, e o termo foi considerado como um sinônimo deste.13 Uma segunda espécie fóssil, Ornithorhynchus maximus, foi descrita por William Sutherland Dun em 1895 baseada em um úmero, mas posteriormente foi demonstrado que o material pertencia a um exemplar de equidna, possivelmente da espécie Zaglossus robustus.14 5 Entre as décadas de 1920 e 1980 a espécie foi dividida em quatro subespécies baseadas no isolamento geográfico e diferenças morfológicas. A nominal ocorria nas áreas costeiras de Nova Gales do Sul, Vitória e Austrália Meridional, a triton, de maior tamanho, ocorria em Nova Gales do Sul a oeste da Grande Cordilheira Divisória, a phoxinus, de tamanho menor, em Queensland, e crispus, na Tasmânia.15 16 No final da década de 1980 a espécie foi revisada e considerada monotípica, ou seja, as subespécies foram consideradas como variações morfológicas normais de uma espécie e não mais subespécies aceitas,17 e desde então este posicionamento é seguido.3  Estudos moleculares e fósseis sugerem que a linhagem do ornitorrinco separou-se das equidnas há cerca de 48-1918 ou 89-1719 milhões de anos. O táxon fóssil mais proximamente relacionado com o Ornithorhynchus é o Obdurodon do Oligoceno e Mioceno da Austrália.18 O registro fóssil da espécie é conhecido de inúmeros locais do Pleistoceno em diversos pontos da Austrália e da Tasmânia, sendo todos dentro do limite de distribuição atual, exceto por um registro no lago Tandou, a oeste do rio Darling.

 

Esporão venenoso do ornitorrinco macho.

 

Os órgãos eletrossensoriais no ornitorrinco localizam-se em seu focinho em forma de bico.

 

 

 

Além de exótico, ornitorrinco é muito venenoso.

Descobertas feitas por meio da análise de genes têm revelado semelhanças notáveis entre venenos de diferentes animais. Esses genes, por exemplo, são semelhantes entre animais peçonhentos, como cobras, lagartos, estrelas-do-mar e anêmonas-do-mar.

Já o ornitorrinco - mamífero semiaquático encontrado na Austrália que põe ovos - é um dos poucos mamíferos com veneno. Produzido por glândulas abdominais, esse veneno é inoculado através de esporões localizados nos membros posteriores. Os ornitorrincos só produzem o veneno durante a época reprodutiva, provavelmente para defender seu território de outros machos.

Assim como olhos e nadadeiras, que evoluíram de forma independente em uma série de diferentes linhagens, o veneno do ornitorrinco parece ser um exemplo de evolução convergente, explica Wesley Warren, biólogo que liderou o estudo na Washington University.

Segundo alguns relatos, o veneno do ornitorrinco pode causar uma das piores dores sentidas pelo ser humano. Em um dos casos, um animal inoculou o veneno em um homem de 56 anos que pescava. Segundo ele, a dor era tão forte que teve alucinações e, mesmo após quatro meses, seu dedo ainda doía e nem a morfina aliviava a dor.

Os esforços para encontrar as moléculas capazes de infligir tanta reação se concentraram na separação e caracterização de proteínas nos extratos de veneno. Essa abordagem identificou três dos componentes mais abundantes no veneno do ornitorrinco.

A equipe sequenciou transcrições de RNA mensageiro da glândula de veneno de um ornitorrinco macho, morto por um cão. Para identificar os componentes do veneno, eles se concentraram em genes que não eram produzidos em outros tecidos e se assemelhavam aos genes de veneno de outros animais. Com isso, os pesquisadores identificaram 83 genes em 13 famílias diferentes de toxinas, ligada a efeitos como inflamação, danos nos nervos, contração muscular e coagulação sanguínea. Por exemplo: os ornitorrincos produzem 26 tipos diferentes de enzimas de serina proteinase, também encontradas no veneno da maioria das serpentes, e outros genes do veneno se assemelham a uma neurotoxina produzida por aranhas chamada de α latrotoxin.

 

Veneno de ornitorrinco pode causar uma das piores dores já sentida para um ser humano

Testes adicionais serão necessários para determinar o que pode causar cada componente do veneno. Para descobrir outros componentes, a equipe planeja procurar genes ligados ao desenvolvimento sazonal da glândula de veneno dos ornitorrincos.