Psicologia Social: Suas atitudes melhoram ou pioram sua vida?

Psicologia Social: Suas atitudes melhoram ou pioram sua vida?

Somos edificados numa complexa arquitetura de hábitos. Vamos acumulando formas de fazer as coisas, formas de pensar acerca de determinados assuntos e maneiras de agir no mundo. Umas efetivam-se como proveitosas, outras nem por isso. Tal como as ervas daninhas num jardim, que secam toda a vegetação envolvente, assim podem ser alguns dos nossos hábitos, impedindo-nos de florescermos em algumas áreas da nossa vida. Os hábitos são como uma espada de dois gumes. Se você não tem o hábito de investir em estratégias, ações e atitudes que permitam que faça progressos na sua vida, então é um forte indício de que de alguma forma os seus hábitos podem estar a ser um obstáculos aos seus objetivos e desenvolvimento pessoal.

HÁBITOS: ENTRE O BENEFÍCIO E O TORMENTO

Os hábitos constituem os nossos padrões mentais e comportamentais. Firmam uma estrutura mental que tem como objetivo primordial servir-nos. Evoluimos no sentido de tornarmos as nossas respostas o mais eficazes possíveis, sem que a toda a hora tenhamos de estar a elaborar condutas comportamentais para as situações com que nos vamos deparando no dia-a-dia. Podemos afirmar categoricamente que sem hábitos instituídos a nossa vida seria um caos, acabaríamos por demorar demasiado tempo a tomar decisões e consequentemente não agiríamos em tempo útil.

Nota: A palavra hábitos, refere-se de igual forma a pensamentos, sentimentos ou comportamentos.

Tal como referi anteriormente, alguns dos nossos hábitos podem tornar-se num tormento para a nossa vida. Esses hábitos podemos considerá-los de maus hábitos ou hábitos que não nos servem. São forjados da mesma forma que os bons hábitos, porque certamente em determinado momento da vida optámos por eles. Fomos repetindo esses maus hábitos diariamente, até que tomaram o seu lugar na nossa vida. Como a vida é fluída, a vida não para, está sempre a colocar-nos à prova e a aparecerem novos desafios, esses hábitos que um dia serviram um propósito, podem, por vezes, ficarem desatualizados. É, nesse momento que passam a ser o gume cortante da faca.

A reter: Muitas vezes na vida, o que nos serve também pode escravizar-nos. E alguns hábitos comportam um pouco de ambos.

Alguns dos nossos maus hábitos surgem em resposta a incómodos, medos ou períodos difíceis da nossa vida. Optamos por eles, na grande maioria das vezes porque nos trazem algum conforto. Talvez porque nos permite evitarmos aquilo que nos causa alguma forma de dor, de angústia ou dissabores. Talvez porque a dor emocional é grande e o comportamento de refúgio em algumas atividades parecem fazer aliviar essa mágoa. Alguns de nós podemos ficar vulneráveis, e esses hábitos, mais tarde comprovam-se serem destrutivos, como o alcoolismo, dependência de drogas, jogo ou sexo, comer em excesso. Ou outros hábitos que podem parecer menos perniciosos, mas que nos atrapalham também a vida, como por exemplo a procrastinação, o evitamento, preocupação excessiva, sedentarismo, maledicência, facilitismo gratuito, falta de iniciativa, rigidez de pensamento, entre outros.

Nós, como espécie, temos hábitos porque somos biologicamente programados para a necessidade de instituirmos hábitos. E assim a melhor maneira de mudar um hábito é substituindo-o por um novo hábito. E, uma vez que você adquira o hábito de fazer coisas para mudar a vida para melhor, irá perceber que isso é um hábito instituído voluntariamente. Livrar-se dos maus hábitos pode ser tão difícil como reconhecê-los.

Como Mark Twain observou ironicamente: “Os hábitos não podem ser arremessados para fora da janela, mas devem ser persuadidos a descer as escadas, um passo de cada vez.”

Importa que você levante algumas questões que ajudem a aumentar a sua consciência sobre alguns dos seus hábitos e o quanto podem estar a prejudicar a sua vida. Pergunte a si mesmo:

  • Que hábitos não me servem, mas dos quais eu estou dependente?
  • Que impacto é que esses hábitos têm na minha vida?
  • Que hábitos positivos e construtivos eu poderia escolher para substituir os hábitos que não me servem?
  • Quando vou começar a implementar o novo hábito?

O nossos hábitos podem servir-nos, mas também podem deixar-nos entorpecidos, prendendo-nos no passado e colocarem dessa forma o nosso futuro em causa. Alguns dos nossos hábitos podem impedir-nos de potenciarmos a nossa vida, devido ao hábito daquilo que temos sido. Hábitos, como ressentimentos, rancores, raiva, agressividade, letargia, perfeccionismo, muitas vezes são um reflexo da escolha daquilo que nos é familiar, mas negativo sobre o que é positivo, mas novo.

O cérebro humano gosta de processar informações através das redes neuronais previamente estabelecidas, elas são especialistas em processar o que lhe é familiar de forma a eleger uma resposta rápida, eficaz e com o menor gasto possível de energia. Quanto mais adiamos encarar e lidar com os nossos hábitos que não nos servem, mais tempo vamos ficar numa situação difícil e com uma percepção rígida da vida. E, isto é igualmente verdade para os bons hábitos. Porquê? Bem, porque os seus pontos fortes, são fortes, exatamente porque você repete-os constantemente até que se tornem num hábito.

caos e ordem

 

 

O CICLO DE PENSAMENTO E SENTIMENTO

Existe um determinado sincronismos momento a momento entre o cérebro e o corpo. De fato, assim que começamos e sentir-nos da forma como pensamos, porque o cérebro está em constante comunicação com o corpo, começamos a pensar da mesma forma como nos estamos a sentir. Com base no feedback químico que o cérebro recebe, irá gerar mais pensamentos que produzem químicos correspondentes à maneira como o corpo está a sentir, de maneira que nós, primeiro começamos a sentir da maneira que pensamos e depois a pensar da maneira que sentimos. Mente e corpo criam um estado de ser, que é suportado pela libertação correspondente de químicos, que por sua vez criam um determinado hábito de ser. Os nossos hábitos são difíceis de alterar devido à forte relação que é estabelecida entre o cérebro e o corpo, de tal forma que julgamos ser exatamente aquilo que sentimos e que pensamos. É chamada a força do hábito de sermos quem somos.

Um estado de ser, que é suportado pelos hábitos, significa que ficámos familiarizados com um estado emocional/mental, uma maneira de pensar e de sentir, que se torna parte integral da nossa identidade. Usualmente descrevemos quem nós somos através da forma como pensamos (e consequentemente como nos sentimos) ou como estamos a ser num determinado momento. Eu estou inspirado, eu sou inseguro, eu estou a sofrer, eu sou negativo.

Mas, anos a pensar determinados pensamentos, e depois a sentir da mesma forma, e depois pensando igual a esses sentimentos (o hamster na roda) cria um estado memorizado de ser em que nós empaticamente declaramos o nosso estado como absoluto. Como um hábito. O hábito de ser você mesmo. Para que possamos ultrapassar determinados maus hábitos, ou hábitos que não nos servem mais no presente momento, é importante que em determinadas situações, ou para sermos bem sucedidos nos nossos objetivos (prejudicados pelos maus hábitos) consigamos quebrar o hábito de sermos nós mesmos. Parece realmente absurdo não é? Sim, numa primeira análise até posso concordar, mas se olharmos mais ao pormenor, é a forma mais eficaz e assertiva de mudarmos algo que faz parte de nós. Se não queremos mais comportarmo-nos de uma determinada forma, temos de instituir uma nova forma de ser. Temos de condicionar uma nova forma de pensar e de sentir, temos de criar um novo estado de ser, suportado por uma forma superior daquilo que sentimos.

Dica: Para mudar um hábito, é necessário agir num nível superior aos sentimentos familiares do nosso eu memorizado.

PORQUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR UM HÁBITO?

Nós somos capazes de reviver um acontecimento passado vezes sem conta, talvez milhares de vezes durante a nossa vida. É a repetição subconsciente que treina o corpo para relembrar o estado emocional, da mesma forma ou melhor do que a mente consciente faz. Quando o corpo recorda melhor que a mente consciente, o mesmo será dizer: quando o corpo é a mente, chamamos de hábito. Por norma, por volta dos 35 anos a nossa identidade ou personalidade estará completamente formada. Isto quer dizer que para aqueles que já passaram a barreira dos 35 anos, memorizaram um padrão de comportamentos, atitudes, crenças, reações emocionais, hábitos, habilidades, respostas condicionadas e percepções que estão agora subconscientemente programadas neles. Esse programa corre em nós, porque o corpo tornou-se na mente.

Isto que dizer que nós iremos pensar os mesmos pensamentos, sentir os mesmos sentimentos, reagir de formas idênticas, comportar-se da mesma maneira, acreditar nos mesmo dogmas, e perceber a realidade da mesma forma. Cerca de 95% daquilo que somos a meio da vida, é uma série de programas subconscientes que se tornaram automáticos. Dirigir um carro, escovar os dentes, comer em excesso quando estamos stressados, queixar-nos por tudo e por nada, culpar os nosso pais, não acreditar em nós, e insistir em sermos cronicamente infelizes, entre outras coisas.

ACEDA AO SEU SUBCONSCIENTE  PARA MUDAR OS HÁBITOS

A mente subconsciente só sabe aquilo que você foi programando nela. Já lhe aconteceu clicar em algo no seu computador e de repente iniciar-se automaticamente um programa sobre o qual você temporariamente deixa de ter controle? Quando você tenta usar a sua mente consciente para parar o programa subconsciente automático armazenado no seu corpo, é como gritar para o computador até ficar vermelho, enquanto vários programas vão sendo abertos, e você vai dizendo: “Hei, já chega, pára.” O computador não recebe essa mensagem e irá continuar a correr o programa até que você faça algo ou aceda ao seu sistema operativo para mudar algo.

Para mudar algo, é necessário fazer alguma coisa ou aprender algo novo ou de novo. Na verdade, você tem de desaprender ou desassociar os seus velhos padrões de pensar e de sentir e reaprender ou associar no seu cérebro novos padrões de pensamento e de sentimento, com base naquilo que você pretende instituir. Quando você condicionar o corpo com uma nova mente, ambos deixam de trabalhar em oposição, e passam a funcionar em harmonia. Este é o ponto de mudança, você condiciona uma nova forma de ser, que serve os seus propósitos.