Dar e receber – A Prática da Generosidade

Dar e receber – A Prática da Generosidade

Uma antiga lenda sobre a geografia de Canaan compara seus dois mares, o Mar da Galiléia, abundante em peixes e vida, e o Mar Morto, um caldo de matéria sem vestígio algum de vida, e se pergunta o porque da diferença. A resposta, explica-se, encontra-se no fato de que o Mar da Galiléia recebe através dos rios o descongelamento das neves do maciço do Golan, mas também deixa fluir de si as águas do Rio Jordão que terminam no Mar Morto. Este, porém, por sua vez, retém as águas e não as deixa seguir. Não sabe receber. Pois receber é estabelecer uma relação com a natureza ou universo. Se experimentamos o recebimento como um fenômeno unilateral, que se limita a algo nos ser dado, separamo-nos gradativamente da troca, que representa, em última instância, VIDA”.

 Este trecho encontra-se no livro A Dieta do Rabino: a cabala da comida, de Nilton Bonder.

 Decidi publicar aqui como no facebook (Tudo sobre Psicologia) a fim de comentar com vocês esta dinâmica, de dois polos, de dar e receber. De receber e dar.

No texto é muito interessante o modo como o autor, através de uma lenda, explica a possibilidade de recebermos algo e não sabermos receber. Ou seja, somos mal recebedores se apenas recebemos e não damos nada em troca, ou se não passamos algo que não necessitamos mais para os outros, ou se, ainda, não retribuímos de alguma forma…

 Com isto, o mal recebedor – no exemplo da lenda é o Mar Morto – por querer apenas receber acaba morto, ao reter tudo o que recebe ele paralisa e, consequentemente, morre.  E, por outro lado, o Mar da Galiléia é aquele que sabe receber, que recebe e mantém o fluxo para os demais…

Dar e Receber

 E para concluir, cito abaixo uma prática descrita por Jack Kornfield, em seu livro: A psicologia do amor:

 “A vida está dando para a vida em cada momento do dia. Durante vários dias, preste atenção nesse movimento incessante de generosidade.

 

 Ao cuidar de sua rotina diária, perceba, de início, as dádivas do mundo natural. Note a maneira como a dádiva da luz do sol se derrama sobre todas as coisas. Ela alimenta as plantas que comemos e nos fornece o petróleo, das antigas florestas, que abastece os nossos carros e ilumina nossas lâmpadas a noite. Perceba também as chuvas e os rios, a água que dá a si mesma ao sangue em nossas veias, aos insetos e árvores da redondezas, à colaboração interdependente na qual nadamos. Agora perceba com quanta generosidade você é mantido e sustentada pela terra sob sua casa e seus pés, pelo ar que você respira, pelo calor do dia e o frescor da noite.

 Agora olhe para o infindável cuidado e generosidade nos seres ao seu redor: pais com filhos, professores com alunos, médicos e homens de negócios, todos servindo uns aos outros. As pessoas param nos semáforos vermelhos, para que você avance com segurança. Elas fazem filas nos supermercados, compartilham os parques, cooperam em dezenas de maneiras no trabalho.

 O lojista e o mecânico, o caixa do banco e o cozinheiro, o médico, o engenheiro, o psicólogo dão a si mesmos aos seus trabalhos, apoiando outras pessoas com horas incontáveis de generosidade e amor tácitos.

 É evidente que também há momentos de ressentimento e sobrecarga, quando as pessoas estão descontentes e inamistosas. Mas na maior parte do tempo, as pessoas à sua volta estão dando: nas conversas, nas ações, acrescentando generosidade de sua energia vital no fluxo do todo. Passe um dia ou uma semana apenas notando, nomeando, inclinando a cabeça em agradecimento a essa corrente de generosidade em toda parte.

 Agora você pode escolher, de forma intencional, aumentar essa corrente de generosidade, não como uma obrigação, mas como uma maneira de ser com aquilo que faz.

 E descubra que pode fazer isso aumentar. Experimente esta prática: sempre que um pensamento de doação entrar em sua mente, aja. Seja uma doação em dinheiro, tempo, cuidados ou uma posse, se pensar em um ato de generosidade, siga-o. Às vezes nos preocupamos pensando que iremos lamentar nossos atos generosos, prevendo o que pode acontecer, e surge uma certa dúvida. Não creia nas dúvidas. Em vez disso, procure quaisquer pensamentos de generosidade espontâneos e siga-os. Você vai descobrir que eles, inevitavelmente, o farão feliz. Experimente!”